Ela já não mais tomara tantas decisões como antes. Dias nebulosos eram os de sexta feira para ela. Todos saindo e se divertindo, enquanto ela permanecia indecisa entre o sono e a solidão. Tantas pessoas em sua rua conversando, tantas delas sorrindo, mas ela não encontrara sequer uma que a olhasse nos olhos e pergunta-se de forma esperançosa o que lhe estava ocorrendo. Mesmo assim ela sabia que não conseguiria explicar. O mundo dela estava em conflito intenso. Sua boca já não mais se abria para expressar o coração nem tampouco sua voz relatara tanta infelicidade ocorrida em sua vida. Seu braço e suas folhas de caderno já não eram mais rabiscados e escritos como antigamente. Porém ninguém desconfiava, pois ela mesma disfarçara perfeitamente bem. Sua ida para a escola era o mesmo que uma imitação barata do declínio do mundo para as guerras. Seu corpo continuara presente em meio a tantas vozes de riso e discussão da sua sala de aula, enquanto seu pensamente voava longe e para longe, em busca de um mundo, ou mesmo um momento em que ela pudesse ecoar em si a palavra felicidade. A realidade a chamara e ela teria novamente de tomar as decisões que ela mesmo a impunha. Não decidia se o suicídio era a melhor coisa ou se a espera valeria a pena. Não acreditara mais em finais felizes de contos de fada e cantigas de ninar para ela não valeriam mais de nada. Os poemas e os textos lidos já não mais disseminavam em sua mente turbilhada de proporções. Os sonhos que ela possuía já não mais seriam acreditados com fé como antes. Amor? Ela já não mais sabia o que era. Sentimentos estavam misturados à solidão que lhe atormentava todo o tempo e aos conceitos que a sociedade lhe obrigava a seguir. Ela chegou até a pensar que a vida estava toda contra ela mesma. Era como se sua família não a aceitasse e seus amigos não a enxergassem. Era como se o sono e a inebriante solidão fossem seus melhores amigos. Era como se viver para ela não era nem conto de fadas nem uma história de terror. Ela conceituava esse verbo como uma forma sombria de tentar chegar ao próprio fim da vida de forma pessoal variável a cada ser. Porém essa forma para ela, ainda não havia sido interpretada de tal forma que ela pudesse deixar o conceito de que ela estaria apenas perambulando pela vida sem propósito para que pudesse entender que ela estava se deixando apenas existir, sem permitir-se da forma mais espontânea possível existir. Ela só queria felicidade, compreensão e menos solidão. Ela apenas aumentara o volume da música favorita e apenas a ouvia para tentar voar na imaginação. Seus problemas sumiam depois de máximos quatro minutos de som alto, porém voltavam mais fortes que nunca depois. Mas ela mesma não sabia se esses seus tão ditos problemas eram sinceramente problemas ou se eram apenas sufocos criados por sua fértil imaginação. A verdade é que ela não sabia mais da vida, não sabia mais da felicidade, não sabia mais nada de si mesma. ♥